A principal suspeita de encomendar o crime que resultou na morte de Greiciara Belo Vieira, de 19 anos, em Ituiutaba, já era investigada por sequestro de um bebê em Uberlândia no dia 6 de agosto. Segundo a delegada de Uberlândia Gabriela Garcia Damasceno, a polícia já havia rastreado Shirley Benfica, de 30 anos, porém o pedido de interceptação telefônica dela não havia saído a tempo de evitar que ela cometesse o outro delito. 1i176h
Ainda de acordo com Gabriela, a polícia tinha uma identificação fotográfica e vários dados da suspeita desde o sequestro. “Estávamos focados na possibilidade que Shirley estivesse atrás de uma criança, mas não tínhamos conhecimento da dimensão dos planos dela”, disse a delegada.
Gabriela ainda informou, também, que Shirley conhecia a mãe do bebê sequestrado.
“Depois de toda investigação constatamos que ela era amiga de um vizinho da mãe da criança. Foi ele quem apresentou as duas. A Shirley frequentava a casa da família quando a mãe ainda estava grávida, mas só conseguiu realizar o sequestro dois meses depois. Mas como a criança já estava ‘grande’ e não daria para ela sustentar a mentira, deixou a menina numa construção”, contou.
Segundo informações da Polícia Civil, a enfermeira que executou a cesárea clandestina em Greiciara ainda viva já estava ajudando a mandante a encontrar uma criança e inclusive teria ido a um hospital em Ituiutaba e ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) em busca de uma recém-nascido.
Ainda conforme a delegada, em depoimento Shirley confessou que tinha pedido um recém-nascido para alguns amigos no Facebook e que prometia R$ 3 mil para quem conseguisse. “Em depoimento, ela disse também que nunca prometeu dinheiro a nenhum dos envolvidos na morte de Greiciara, somente um celular e um corte de cabelo a um deles. Os materiais usados na morte da jovem, foram comprados no cartão dela”, relatou Gabriela.
A delegada também informou que, segundo os outros envolvidos no crime, a Shirley planejava matar o namorado, para quemmentia sobre a gravidez. “A pretensão era registrar o bebê e logo em seguida matar o namorado”, ressaltou.
Sobre como a Polícia Civil chegou ao nome da suspeita no primeiro crime, a delegada disse que não pode dar detalhes, pois a investigação ainda não foi concluída.
Bebê sequestrado em Uberlândia
Sobre o crime de sequestro no início do mês, a Polícia Militar informou que a mãe de uma menina de dois meses teve a filha levada após um homem e uma mulher armados trancarem a família da vítima em um dos quartos, pegarem a criança e fugirem. A bebê foi encontrada em uma construção no Bairro Ipanema na noite do dia 7 de agosto, depois de uma denúncia anônima. Na época, ela estava bem vestida e não apresentava ferimentos.
Morte de Greiciara
A jovem encontrada morta em Ituiutaba estava grávida de oito meses. Ela era de Uberlândia e havia desaparecido no dia 18 de agosto.
A vítima foi achada dentro de uma represa quando duas pessoas faziam trilha de bicicleta por uma estrada de terra na zona rural de Ituiutaba. Em seguida, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e peritos civis foram acionados e a retiraram da água.
A jovem estava com os pés amarrados por um tecido e o corpo estava envolvido por uma tela de arame junto a uma pedra grande. Além disso, tinha o abdômen aberto e as vísceras expostas. Foi então que as investigações começaram e algumas pessoas foram ouvidas para descobrir a motivação do crime e encontrar o bebê, até então, desaparecido.
Um dos seis criminosos envolvidos no crime foi até a delegacia em Ituiutaba e confessou. A delegada Roberta Borges esclareceu que a suspeita de encomendar o crime era Shirley Benfica, de 30 anos, que mantinha um relacionamento à distância com um homem de Araguari. Ela forjava uma gravidez e chegou a montar o quarto do bebê, dizendo que era uma menina, na tentativa de manter o namoro.
Pouco depois, a recém-nascida foi localizada na casa da vizinha de uma das suspeitas de envolvimento no crime.
A mandante havia deixado a criança lá para ganhar tempo e fingir um parto. Segundo a polícia, a vizinha não tem participação no crime.
Após ter sido localizada, a menina foi levada ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) no início da noite da última segunda-feira (22) e, segundo a assessoria de imprensa do hospital, estava bem e aria por avaliações médicas.
Das seis pessoas envolvidas no crime, quatro - de 22, 24, 30 e 60 anos, estão presas. Os outros dois, que já foram identificados, ainda seguem foragidos. Os presos serão encaminhados para Ituiutaba, onde a investigação será concluída. Eles poderão responder por homicídio duplamente qualificado, sequestro, ocultação de cadáver e subtração de incapaz.
Fonte: G1