Durante coletiva de imprensa realizada na manhã dessa terça-feira (20), em Uberaba/MG, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Polícia Civil e a Polícia Militar de Minas Gerais apresentaram as conclusões sobre a investigação do assassinato da adolescente Melissa Campos, de 14 anos, ocorrido no último dia 8 de maio, dentro de uma sala de aula do Colégio Livre Aprender, uma escola particular localizada na Avenida Afrânio Azevedo, no bairro Universitário, em Uberaba. O adolescente de mesma idade acusado de matar a garota já havia sido apreendido no mesmo dia do crime. 3m2ya
Participaram da coletiva de imprensa o promotor de Justiça Diego Martins Aguillar, que atua na Defesa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes de Uberaba; a promotora Fernanda Fiorati Freitas, coordenadora regional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes do Triângulo Mineiro; o promotor André Tuma Delbim; os delegados da Polícia Civil Cyro Moreira, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, e o delegado Armando Papacideiro Filho; além do tenente-coronel Cassemiro Martins, comandante do 67º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais.
O segundo adolescente apreendido, também de 14 anos e colega de sala da vítima e do outro menor, foi localizado no dia seguinte ao crime. Ele é acusado de participação. Ainda de acordo com a Polícia Civil, o segundo adolescente apreendido teria ajudado o colega na fuga após o crime. Imagens das câmeras de segurança da escola mostraram que os dois trocaram bilhetes momentos antes da agressão.
As autoridades informaram que o ato infracional foi planejado, mas que a escolha da vítima aconteceu no dia do crime. O adolescente relatou a um policial militar que decidiu matar Melissa por inveja, afirmando que "ela simbolizava a alegria que ele não tinha". A frase teria sido dita pelo menor horas após o crime quando foi apreendido. O menor foi localizado na rodovia AMG-2595 (Filomena Cartafina), ainda em Uberaba, já que havia conseguido sair da escola após o ataque a garota.
De acordo com a Polícia Civil, os dois adolescentes apreendidos eram colegas de sala da vítima e estavam na escola no momento do crime. As investigações descartaram bullying, misoginia e relacionamento afetivo como possíveis motivações. Ainda conforme a polícia, o adolescente apontado como o autor do homicídio não demonstrou emoção durante o depoimento e se manteve em silêncio nas demais fases da apuração.
Inicialmente havia cogitado que a arma seria uma tesoura, mas as investigações identificaram como uma faca, que o adolescente teria levado consigo para a escola.
Pouco antes da agressão, ele teria entregue à vítima um bilhete com a palavra “sentença”, onde afirmava que ela seria estrangulada. No entanto, ela foi morta com golpe de faca, ainda conforme informações das autoridades baseada nas investigações.
As autoridades destacaram ainda que tanto a vítima quanto o acusado do homicídio tinham bom desempenho escolar e já haviam recebido prêmios acadêmicos. A adolescente morta era bem relacionada com os colegas, não tinha inimizades e foi pega de surpresa, segundo os investigadores. As autoridades também informaram que, até o momento, o adolescente acusado de cometer o homicídio não apresenta diagnóstico de transtornos neurológicos.
Os pais dos dois adolescentes apreendidos ficaram perplexos e surpresos ao tomarem conhecimento do caso.
O relatório final das investigações foi entregue pela Polícia Civil na sexta-feira (16). O promotor de Justiça Diego Martins Aguillar afirmou que não existe uma lista com nomes de possíveis outras vítimas, conforme chegou a ser ventilado na cidade, e que não há indícios de envolvimento de uma terceira pessoa.
“A coletiva serviu para confirmar que o fato foi um caso singular”, disse Aguillar. Ele ainda reforçou que as escolas de Uberaba estão seguras.
As autoridades recomendaram que aos pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos, ao conteúdo em seus cadernos, celulares e conversas.
Os dois adolescentes seguem recolhidos por medida socioeducativa de internação. Foi representada a acusação por ato infracional análogo ao crime de homicídio triplamente qualificado.
Conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente, a medida socioeducativa de internação aplicada a menores de 18 anos tem duração máxima de três anos, mesmo nos casos de atos infracionais graves, como o análogo a homicídio triplamente qualificado.